24/02/15

estava tirando um cochilo no sofá quando, de repente, meu animal de estimação deu um grito em frente a televisão e me acordou... ngrrrrrrr... abri os olhos e olhei para a cara dele com olhar de reprovação, mas ele não me deu atenção nenhuma... nesse momento, percebi que estava com fome... ngrrrrrrrrr... me espichei e fui em direção a ele... miauuu... nada ainda de atenção... os humanos não são, de fato, os mascotes mais espertos... tive que pular em seu colo e começar a roçar minha cabeça nele... ngrrrrrr... miauuuu... ele me fez apenas um cafuné e me colocou ao seu lado... realmente não são muito inteligentes... tive que novamente ir para cima dele e então comecei a esfregar uma patinha atrás da outra em suas pernas... ngrrrrrr.... miaaaauuu... miaaaauuu... olhei para ele com meu olhar sedutor e minhas pupilas dilatadas... miaaaau... tá com fome?, perguntou... miaaaau, respondi... finalmente pareceu entender a minha mensagem... levantou-se, pegou minha comida e colocou no meu prato... ngrrrrrrrrr... nham nham... nham nham... comi um pouco e já me saciei... não era uma refeição tão saborosa... e todo dia me servia a mesma coisa... são realmente muito estúpidos... ngrrrrrrrr... depois bebi um pouco de água e voltei para o sofá para repousar... meus olhinhos foram fechando, fechando, fechando... zzzzzzzz...

Tiago Elídio... Rio de Janeiro... 23/2/2015...

21/02/15

Inverno


Il risveglio è il momento più difficile,
al risveglio non c'è soluzione. 

Apro gli occhi
e sorrido al sogno
ma è la mia solitudine
a tenermi in braccio.

Osservo il silenzio della neve.

Guardo la neve,
un silenzio assordante
che la neve soltanto
riesce a creare.

Quel silenzio in cui senti tutti i tuoi pensieri,
il silenzio in cui senti solo i tuoi pensieri.

Tra tutti i pensieri,
come nel traffico,
un clacson insistente
si distacca.

Se non esci dal letto la soluzione non la trovi.

Fermi al semaforo
pensieri bloccati
da un banale incidente
che sapevi evitare.

Potessi sciogliermi come neve.



G.G. (Sauze d'Oulx, Piemonte, molto tempo fa, ma anche ieri)

19/02/15

flocos de neve caíam lentamente do céu... e lágrimas frias escorriam pela sua face... da janela do seu apartamento em botafogo, observava o pão de açúcar todo coberto, com uma alvura jamais vista... observava também os turistas fazendo fotos e não percebendo a real grandeza daquilo tudo... a forte nevasca havia atingido toda a cidade... havia penetrado nos mais fechados poros... poucas pessoas estavam se movimentando pelas ruas... além da neve, havia os fortes ventos vindos do mar... os termômetros marcavam -40ºC... apenas os turistas ziguezagueavam por aí, tirando fotos e mais fotos dos tons de cinza e branco... enquanto observava, tomava seu chá quente de erva doce, inalando o vapor através de suas narinas, tentando se aquecer mais... acendeu também um cigarro, exalando fumaça e tristeza... quando terminou seu chá e seu cigarro, acomodou-se em sua cama e se cobriu inteiramente com o edredon pesado, escurecendo completamente a paisagem... lá fora, flocos de neve continuavam a cair lentamente do céu...

Tiago Elídio... Rio de Janeiro... 19/2/2015...

Routine di Copacabana



Tornò a casa alle 7 del mattino, non era una novità. Si tolse la parrucca, le scarpe col tacco e si diresse verso il bagno a struccarsi. La serata era andata bene, al Fasano andava sempre bene. Notò che anche Alice, la coinquilina, era sveglia, vedeva la luce filtrare da sotto la porta. Condividevano uno squallido appartamento di Copacabana, minuscolo e sudicio, ma che per loro era diventata una tana in cui essere se stesse. La padrona di casa era una vecchia avida e incarognita con il mondo, al cui confronto Alëna Ivanovna era una santa donna. Questo si potevano permettere e, in fin dei conti, non si stava così male, a due passi dalla spiaggia, quasi dirimpettaie della statua di Drummond de Andrade al posto 6.
         Aveva ancora indosso il vestito con le paillette rosse, uno dei suoi preferiti. Se lo sfilò e scivolò in doccia, sperando di lavarsi dalla pelle anche l’odore dei clienti della nottata. Un giorno torno a Bahia e la smetto con questa vita, si illudeva. Voleva bene ad Alice, avevano due stili di vita molto diversi, ma c’era qualcosa che le accomunava.
       Lei faceva l’amore per soldi, Alice per ambizione, entrambi motivi poco nobili. Alice era una cantante e l’ultima fiamma che era passata tra le sue lenzuola era un produttore a cui cercava di strappare un contratto discografico. Non gliene fregava niente di lui, fingeva spudoratamente di amarlo davanti a tutti, entrava in scena ogni volta che la portava fuori "con gli amici che contano". Era brutto come la morte e probabilmente più vecchio di suo padre. Anche lei doveva farsi la doccia sfregandosi di dosso l'odore di lui a colpi di spugna.
       Eppure non era questo che le rendeva simili. Era la solitudine. Non erano sole al mondo, avevano le famiglie, seppur lontane per entrambe, qualche amico fidato che a modo suo le amava e circondava, qualche cliente aficionado per Lúcia e gli amanti passeggeri di Alice. Ma non avevano nessuno da amare. Ed è questo che ti fa sentire più solo, in un mondo di amori di cartapesta: non il non essere amato, ma il non amare. Sentivano un bisogno disperato di amare, dell'amore nella sua forma attiva, e non passiva, l'unica arma per sconfiggere la solitudine. Perché l'essere amati, da solo, a volte non basta.


G.G. (Viareggio, Toscana, 15 febbraio 2015)

12/02/15

a garota de programa de Copacabana...

de frente para o espelho, passava batom vermelho em seus lábios carnudos... já eram dez e meia da noite e estava terminando de se arrumar... todos os dias, o ritual era o mesmo... tomava banho, vestia-se, perfumava-se e maquiava-se antes de sair... às onze horas já deveria estar em seu ponto habitual... essa noite, estava com um vestido vermelho curtinho e colado... era necessário se destacar no meio das outras... antes de descer para a rua, colocou em sua bolsa o batom vermelho (era necessário retocar a maquiagem ao longo da noite!), seu celular (nunca se sabe!), um spray de pimenta (defesa pessoal!), um maço de cigarros (passatempo!) e muitas camisinhas (proteção, claro!)... depois de trancar a porta da kitinete, acomodou também as chaves na bolsa... e chamou o elevador... enquanto descia, houve uma parada no terceiro andar, onde entrou uma concorrente sua... vestia um tomara que caia preto, um shortinho branco e um salto bem alto... as duas se entreolharam com olhar de fúria e não se cumprimentaram... quando saíram do prédio, as duas foram para a mesma direção... o destino de ambas era a Avenida Atlântica... quando chegaram, depararam-se com muitas outras... a concorrência era realmente muito complicada... mas ela confiava em si mesma... era uma das mais jovens, das mais bonitas, das mais gostosas... e falava inglês... seu público-alvo eram os gringos... preferia receber em dólar e euro... além disso, ela dava seu preço e eles aceitavam sem pestanejar... os brasileiros, ao contrário, sempre queriam dar um valor bem menor, explorando ao máximo... no entanto, não havia outra nacionalidade com uma pegada tão boa como a do brasileiro, aquela pegada forte que te deixa louca, subindo pelas paredes... mas ela não estava ali só por prazer, esse era seu ganha-pão... dessa forma, os estrangeiros eram seus clientes prioritários... mas, dependendo da noite e de sua disposição, abria uma exceção para algum brasileiro... começou então a desfilar para lá e para cá, jogando seu olhar sedutor aos machos que ali passavam... e dois loirinhos lhe chamaram a atenção... depois de trocar alguns olhares e sorrisinhos, dirigiu-se a eles... abriu sua bolsa e pegou um cigarro... então se aproximou mais e perguntou se algum deles tinha fogo... começaram a conversar e ela logo deu seu preço, pois não tinha tempo para conversinha mole... eles prontamente aceitaram... pegaram então um táxi e se dirigiram ao hotel onde estavam hospedados... o que acontece a seguir, é melhor nem contar... fica entre quatro paredes...

Tiago Elídio... Rio de Janeiro... 12/2/2015...

08/02/15

Itaca

Figli
di una madre snaturata e bellissima
che ci ha messi al mondo con la valigia
per congedarsi senza troppi rimorsi.
L’Italia.

Cittadini e apolidi,
una generazione che ha imparato
a odiare l’italiano,
che recita in inglese dimenticando Leopardi.

Emigranti
diversi dai predecessori,
senza amore per una terra che annaspa,
con finti addii ai monti tra i denti,
perché di quei monti non sentono la mancanza.

Eppure tornano,
come tanti Ulisse,
dopo peregrinaggi infiniti,
in un paese dove nulla cambia,
imprigionato tra le Alpi
come il lago.

Come Ulisse tornano
non per rivedere Itaca,
non ci avrebbero impiegato dieci anni,
ma in cerca di radici,
nauseanti e necessarie
quando l’albero trema.

Una lingua e una terra,
dialetti scordati,
una sponda sempre più magra
da appiccicarsi addosso.
Un ramo di lago e una Silvia da ricordare.
.

G.G. (Stazione di Bologna, 7 febbraio 2015)


06/02/15

Ulisses cresceu em uma pequena cidade do interior. Durante sua infância, divertiu-se como qualquer outra criança de uma cidade pequena. Correu pelas ruas, subiu em árvores, nadou em riachos... Porém, na adolescência, com o aparecimento de suas asas, começou a se sentir sufocado nesse pequeno ambiente interiorano que mais se parecia a uma gaiola. Seu desejo era o de se aventurar por aí... Mas foram necessários ainda alguns anos para que pudesse, enfim, conseguir sua emancipação. Somente quando completou vinte anos é que pôde finalmente voar para longe dali. O mundo o esperava de braços abertos para a realização de sua odisseia... Assim, ao longo do caminho, foi surpreendido muitas vezes. Na maioria, de forma positiva. Também houve alguns abismos, mas eles serviram para que pudesse bater suas asas com mais força, com mais determinação... Também conheceu muitos outros passarinhos aventureiros em sua jornada. Trocavam experiências, carinho, e incentivavam voos mais desafiadores. E assim esteve ao longo de dez anos... Tudo havia passado muito rápido. Mas era necessário voltar para seu lugar de origem, ver como estavam todos, dar o ar da graça. Ulisses demorou dez anos a voltar para casa, pois, na realidade, não desejava esse retorno, isso é lógico... Sentia-se um cidadão do mundo, descobridor de mares e continentes, desbravador de lugares novos e desconhecidos... Sentia a extrema necessidade de voar, voar e voar... E voltar para casa lhe trazia a sensação de voltar para aquela gaiola de antes. Tratava-se de um outro estilo de vida, um estilo que não era o seu. Mas era necessário retornar por um tempo, rever sua família, reabastecer. Em seguida, Ulisses partiria novamente rumo a uma nova odisseia, isso é lógico!

Tiago Elídio... Rio de Janeiro... 6/2/2015

03/02/15

Homme au Bain
















 Homme au bain
Gustave Caillebotte
1884



 Sollevò un piede e lo immerse nell’acqua calda. Sollevò l’altro piede, reggendosi al bordo della vasca, e lo immerse. Si sedette, sentì il tepore avvolgergli prima le cosce, poi il ventre, il petto, il collo e la nuca. Rimase così, sdraiato nella vasca, a pensare. L’acqua calda gli rilassava i muscoli, ma quanto a migliorare il suo umore, cazzate. Rimanere immobile lo faceva pensare ancora di più. Essere lasciati da chi si ama è come un lutto, pensava. E come tutti i lutti ha bisogno del suo tempo per essere accettato.

        Giulia se n’era andata. Non era in quella vasca con lui, non era in studio a disegnare, non stava canticchiando in cucina. Non c’era più e non ci sarebbe più stata. Questa volta sapeva che era definitiva. Il fatto che lei continuasse a vivere nel suo stesso mondo, sulla Terra, lo faceva sentire meglio? No. Quindi tanto valeva considerarla morta. Tanto valeva continuare con la teoria del lutto.

        Immerse il viso e rimase per qualche secondo sott’acqua, sentendo le bolle d’aria fuggire verso la superficie. Pensò che sarebbe stato bello rimanere là sotto per qualche settimana, con uno strato d’acqua tra lui e la realtà. Non per affogare, ma almeno poter restare immerso per tutto il tempo necessario. Poter uscire dalla vasca una volta purificato dall’oblio, asciugarsi e cominciare davvero una vita nuova.


G.G. (Milano, 28 gennaio 2015)

02/02/15

já estava quase terminando de tomar seu banho... geralmente era rápido e não se delongava muito na banheira... mas, dessa vez, a situação era diferente e demandava um banho especial... estava se preparando para seu tão aguardado encontro noturno... e queria estar com a pele leve, macia, e os cabelos brilhantes e sedosos... assim, nada melhor que um banho bem demorado... havia ficado de molho um tempo, apenas renovando as energias com a água levemente quente... depois começou a se ensaboar devagar, deslizando suas mãos por todo o corpo... de forma suave, limpou bem todas suas partes, afinal não sabia muito bem o que poderia acontecer no desenrolar do encontro... queria, portanto, estar limpo, cheiroso, lindo e charmoso... e continuou ensaboando levemente seus belos músculos, até que foi surpreendido por uma ereção... aproveitou a vibração e se manuseou um pouco, para relaxar, pensando no encontro e em suas possibilidades... mas quis poupar sua energia e lentamente parou o vai e vem... submergiu então sua cabeça na água, fazendo bolhas com sua respiração excitante... depois disso, resolveu sair da banheira, ainda com seu membro ereto... pegou a toalha e começou a se secar... fechou os olhos e lentamente começou a se esfregar, perpassando novamente todas suas regiões musculares... a suavidade do toque lhe deixou enebriado, causando-lhe uma sensação única de prazer e bem estar... por isso, quis estender ao máximo essa excitação, roçando a toalha bem devagar por todo o seu corpo... seu desejo era estar completamente impregnado dessa energia para seu encontro... assim, continuou se envolvendo com a gostosa toalha... roçando-a no peito, entrelaçando-a na virilha, acariciando suas costas e alimentando sua imaginação...

Tiago Elídio... Rio de Janeiro... 30/1/2015...


















Homme au bain
Gustave Caillebotte
1884