16/09/15

caminha apressado pelas ruas, prestando atenção apenas em seus passos largos... de repente esbarra em uma pessoa... quando ergue a cabeça e os olhos para se desculpar, percebe que o rosto é uma caveira... assusta-se... "o que foi? nunca viu?"... não consegue falar nada, apenas segue o passo.... porém, percebe que todos são esqueletos ambulantes... não entende o que está acontecendo... quando para no semáforo, ainda aturdido, sente um toque nas costas... salta em direção à rua e é quase atropelado... ao som das buzinas, sai correndo em meio aos carros, comandados por conjuntos de ossos.... todos na rua olham para ele... sente-se intimidade.... corre mais rápido para chegar em casa o quanto antes... o céu está cinza e corvos sobrevoam acima de sua cabeça... sente-se em pânico... ao chegar em seu prédio, o porteiro esquelético lhe cumprimenta... retruca um bom dia seco sem fitar os buracos de seus olhos... sobe os degraus apressado e acaba tropeçando... uma vizinha que estava descendo pergunta se ele se machucou, se está tudo bem... sem olhar para ela, tem vontade de lhe responder "não, não tem nada bem, você não vê?", mas diz apenas um tímido "tá tudo bem", levantando-se rapidamente.... segue subindo, mas não consegue deixar de olhar para trás... observa um esqueleto descendo com um vestido preto... tropeça mais uma vez... está superofegante e sem forças... arrasta-se para chegar até a sua porta... pega o molho de chaves no bolso e tenta achar o buraco, mas treme e tarda a abrir... por fim, consegue.... abre, entra, tranca e encosta na porta mais aliviado... toc toc... assusta-se... afasta-se lentamente para que não o ouçam... vai em direção ao banheiro... aproveita para aliviar a bexiga... sua urina sai queimando, na cor vermelho sangue... sente náuseas... dá descarga e vai lavar as mãos... quando levanta a cabeça e se olha no espelho, surpresa... em um ato reflexo, esmurra-o... e ele se quebra...

Tiago Elídio... Rio de Janeiro... 15/9/2015...

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